Espaço indígena no AC reúne saberes tradicionais e acadêmicos para recuperar área degradada pelo fogo: 'Consciência da Terra'

  • 15/12/2025
(Foto: Reprodução)
Espaço Huwã Karu Yuxibu foi palco de ação de reflorestamento em Rio Branco O Huwã Karu Yuxibu, espaço criado pelo povo Huni Kuin no km 36 da Transacreana, em Rio Branco, segue ganhando força como um território de troca de saberes, reconstrução ambiental e conexão com quem chega para aprender. Em uma das ações recentes, mais de 30 alunos dos cursos de Engenharia Agronômica, Engenharia Florestal e Medicina Veterinária participaram de um mutirão que aliou plantio de cerca de 600 mudas a técnicas de restauração e experiências culturais conduzidas pelos próprios moradores. 📲 Participe do canal do g1 AC no WhatsApp Localizado perto da capital, o centro se tornou porta de entrada para estudantes, pesquisadores e visitantes que buscam entender, na prática, como a floresta pode ser manejada, restaurada e vivida em conjunto com os povos originários. A atividade, desenvolvida no dia 6 de dezembro, integrou iniciativas da SOS Amazônia, da Universidade Federal do Acre (Ufac) e do Instituto Alok e reforçou o trabalho que vem sendo desenvolvido na área desde que um incêndio criminoso devastou parte do território. LEIA TAMBÉM: Pela 1ª vez após 23 anos, dois indígenas são aprovados em curso de medicina da Ufac: 'Grande honra' O marco temporal e a ofensiva aos direitos indígenas Espaço para o povo Huni Kuin une saberes tradicionais à academia para reflorestar área degradada em Rio Branco Renato Menezes/g1 Atualmente, o espaço ocupa 11 hectares, abriga um restaurante que atende famílias em vulnerabilidade e oferece vivências durante mutirões e eventos culturais. Para o líder Mapu Huni Kuin, o espaço nasceu de uma responsabilidade que ele assumiu ao se deparar com famílias do povo em situação de vulnerabilidade. Sobre a ação de replantio de espécies, Mapu mencionou ainda que a presença dos estudantes no local reforça a importância do que chama de 'consciência da terra'. "Esse chamado ao replantio é para que nós possamos ser profissionais, mas também conscientes para garantirmos uma água saudável, um ar mais puro, para que as futuras gerações possam também usufruir uma qualidade de vida melhor", salientou. Espaço busca fornecer conforto e acolhimento, principalmente ao povo Huni Kuin que mora na cidade de Rio Branco Renato Menezes/g1 Parcerias A restauração da área é acompanhada pela Organização Não-Governamental (ONG) SOS Amazônia, que tem desenvolvido sistemas de irrigação, apoio técnico, capacitações e prepara a construção de um viveiro com capacidade para 20 mil mudas por ano. O gerente do programa de restauração da paisagem florestal, Adair Duarte, explicou que o espaço tem se tornado também um ponto de educação ambiental aberto ao público, especialmente por estar próximo da capital. “Nós já fizemos outros mutirões de plantio. O objetivo desse investimento com relação ao sistema de irrigação é para manter a sobrevivência, diminuir a mortalidade [das espécies de mudas] e aumentar a produtividade dessa área, principalmente no período do verão", complementou. Ao longo da área, as espécies plantadas têm dupla função: alimentar a comunidade e abastecer o restaurante, sempre com manejo agroecológico. Adair também lembra que o local está dentro da bacia do Igarapé São Francisco e contribui para preservar suas nascentes. "Esse centro hoje funciona também com um espaço de educação facilita esse fluxo de pessoas pra conhecer, pra interagir com esse processo de restauração [...] e produzir alimentos sem uso de adubação química, sem uso de inseticidas", destacou. Alunos de Engenharia Florestal, Agronomia e Medicina Veterinária estão envolvidos na segunda ação do projeto da Ufac Renato Menezes/g1 Experiência extracurricular Entre os estudantes, a vivência prática reforçou a dimensão do que se aprende em sala de aula. A acadêmica de Engenharia Florestal, Lis Silva, que já havia participado de uma ação anterior, descreveu o impacto da segunda experiência. "É incrível. Toda vez que a gente vem aqui é uma experiência nova, de ver com os nossos próprios olhos a importância do nosso estudo". Para quem esteve no local pela primeira vez, a surpresa foi ainda maior. A estudante Elaine Almeida Fernandes, também de Engenharia Florestal, conta que nunca tinha visto a técnica da cobertura vegetal em ação. "Eu nunca tinha ouvido falar disso na minha vida em sala de aula. Então, quando eu cheguei aqui, foi totalmente outra coisa". Da Agronomia, Vanessa Batista destacou a importância do sistema de irrigação. "Não é simplesmente só plantar. Tem que cuidar, zelar. Tudo é uma troca de saberes que eles mesmos passaram pra gente". O cuidado com a alimentação compartilhada nos mutirões ficou por conta de Ivani Costa Leal, cozinheira do local e moradora antiga da região. “Eu estou aqui desde quando eles chegaram. Aprendi as receitas. Tem a macaxeira na folha, a macaxeira feita com amendoim e o mingau de banana com amendoim também, sem leite, sem açúcar", mencionou uma delas. Peixe na folha da bananeira é uma das especialidades da culinária indígena acreana Renato Menezes/g1 Entender para conservar A organização da atividade foi conduzida pela professora Iwlly Cavalcante, que desenvolve ações no espaço desde os tempos em que ela era estudante e hoje mobiliza turmas inteiras para que aprendam na floresta. "A gente tem os benefícios de aprender sobre regime de chuva, de controle, de erosão, de enriquecimento da área e temos, principalmente, a soberania alimentar, a garantia alimentar. As espécies que aqui são plantadas e desenvolvidas dentro desse sistema agroflorestal é com base na alimentação tradicional Huni Kuin, daquilo que está na mesa", falou. No Huwã Karu Yuxibu, plantar não é só recuperar solo. É reconstruir vínculos, retomar histórias e entender, na prática, que a floresta se mantém viva quando as pessoas também se movem junto dela. “É super importante porque a gente sai da sala de aula e coloca eles no campo para vivenciar a experiência […] aqui é uma sala de aula ao ar livre, uma floresta que se movimenta, que planta e que está aí fazendo extensão florestal na comunidade", frisou. O líder Mapu Huni Kuin compartilha do mesmo sentimento. "Se ninguém está fazendo, nós temos que fazer porque temos que ser esse exemplo", complementou. Huwã Karu Yuxibu alia conscientização ambiental a saberes tradicionais do povo Huni Kuin Renato Menezes/g1 VÍDEOS: g1

FONTE: https://g1.globo.com/ac/acre/noticia/2025/12/15/espaco-indigena-no-ac-reune-saberes-tradicionais-e-academicos-para-recuperar-area-degradada-pelo-fogo-consciencia-da-terra.ghtml


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